Não sei bem porque, mas quando falam em herói nacional lembro logo do Tiradentes. Daquela imagem que a gente via nos livros de História, cabelão, barba grande, meio Cristo, meio Moisés.
Na verdade Tiradentes nem barba nem cabelo grande tinha. Foi tudo uma fraude, uma ilusão que me venderam quando eu era garoto. Mais ou menos como o Nhonho e o Seu Barriga serem a mesma pessoa só que no sentido oposto.
Tiradentes foi considerado subversivo por muito tempo depois de sua morte, mas quando decidiu-se mudar sua imagem não teve pra ninguém e pensando só um pouco dá pra perceber que isso é corriqueiro no Brasil. O que mudou de lá pra cá foi só o tempo entre a morte e a canonização.
Hoje morreu um homem que tinha uma fama marcada por chiliques, extravagâncias, trejeitos e barracos. Morreu não no sentido carnal, mas no sentido ideológico. Não existe mais, simples assim. O que será enterrado, desta vez em sentido concreto, vai ser o deputado com marca notável de votos, o homossexual que guerrilhou contra o preconceito. O Santo Clodovil. Não falem mal dele, não mais. É falta de respeito constatar realidades sobre os mortos. É dever cívico e moral do brasileiro exaltar as qualidades (às vezes é necessário pesquisar por alguma) dos mortos. Qualquer um.
Olha ali na lente da verdade, meu amor, e deixa a hipocrisia de lado. Só um pouquinho.
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