Depois de mais de 1 mês, terminei de ler um clássico da ficção científica: Encontro com Rama, escrito por Arthur C. Clarke e publicado em 1973. A escrita do autor é como engenharia de precisão: cada frase parece calculada para evocar grandiosidade ou mistério sem desperdício de palavras.
Em uma época pós-Apollo 11, a ida do homem à Lua, Clarke captura o otimismo (e a arrogância) da exploração espacial, mas subverte expectativas: a história gira em torno de uma missão enviada para investigar essa nave misteriosa chamada Rama, que é cilíndrica e tem 50 km de comprimento.

O livro tem uma pegada bem científica e contemplativa, explorando o mistério e a grandiosidade da tecnologia alienígena sem batalhas ou ação frenética — é mais sobre exploração, especulação e o sentimento de insignificância diante de algo tão estranho e avançado.
Encontro com Rama foi escrito quando Clarke já era um mestre do gênero (pouco depois de 2001: Uma odisseia no espaço 2001), e sua inspiração veio de debates científicos reais sobre objetos interestelares.
Muito tempo atrás, os astrônomos tinham esgotado a mitologia greco-romana; agora, exploravam o panteão hindu. Assim, o 31/439 foi batizado de Rama.
Teve continuações em Rama II, O Jardim de Rama e A Revelação de Rama. Eles foram escritos em parceria com o Gentry Lee e têm um tom um pouco diferente, mais centrado nos personagens humanos. Não li as continuações, acredito que vou tentar em outro momento.

OK, se não te convenci a ler o livro, o diretor Denis Villeneuve (Duna, Blade Runner 2049, A Chegada) fará uma adaptação de Encontro com Rama! Se alguém pode traduzir a atmosfera contemplativa de Rama para as telas, é ele. Não vejo a hora, mas o filme ainda não tem data de estreia.
Atenção! Spoilers à vista!
A chegada da tripulação ao interior do cilindro é pura ficção científica hard bem imersiva🥱. Clarke descreve um mundo artificial com mares circulares, cidades geométricas e um “sol” central frio – tudo funcionando como um mecanismo autônomo. Os robôs biológicos são a única “vida” ativa, mas parecem tão programados quanto um relógio suíço. O uau da história🤯 vem nas últimas página quando a descoberta de que Rama é uma arca (ou uma sonda?) que simplesmente usa o nosso Sol como posto de reabastecimento, sem qualquer interação conosco.

O final, porém, é onde opiniões divergem. A nave parte rumo às estrelas sem explicações, deixando a humanidade para trás como formigas observando um foguete. É anticlimático?! Talvez. Mas é bem coerente com a visão “Clarkiana”: o universo não gira em torno de nós. Se você esperava um confronto com aliens ou um discurso grandioso, uma explicação, pode se decepcionar. Mas se curte ficção científica que respeita o desconhecido, esse é o livro.
Hora após hora, a aceleração se manteve constante; Rama se afastava da Endeavour a uma velocidade cada vez maior. À medida que a distância aumentava, o comportamento anômalo da nave cessava lentamente as leis normais da inércia tornaram a operar. […] Ninguém expressou melhor a situação do que o sargento professor Myron, quando disse, chocado e incrédulo “Lá se vai a Terceira Lei de Newton”.
Veredito: Nota 9 de 10! Uma obra-prima da exploração cósmica, mesmo que o destino de Rama fique tão misterioso quanto seus construtores. E agora, é só torcer para que Villeneuve não tente “explicar” o inexplicável no filme! 🚀