Admito que comprei essa edição mais pela curiosidade do que por qualquer outro motivo. Paguei R$ 10,00 no site da própria Editora Mythos, e, sinceramente, esse foi um preço justíssimo — até generoso, considerando que se trata de uma edição com seis histórias completas, capa cartonada e boa impressão. Na Amazon a edição está saindo por R$ 38,00, que ainda compensa. O problema começa quando olho o preço atual na Mythos: R$ 89,00. E, olha… por esse valor, não vale.

Além disso, existe um detalhe bem irritante nessa edição: o uso dos chamados “jargões de Tharg” — expressões internas, piadinhas internas da revista original britânica. Eles tentaram replicar isso na versão brasileira, mas o resultado ficou simplesmente… chato. Não é divertido, não é engraçado, e, na verdade, só atrapalha a leitura, deixando tudo meio forçado.
Se você gosta de antologias e de experimentar estilos variados de quadrinhos britânicos, pode ser uma boa — desde que ache em promoção. Agora, vamos às histórias:
Rogue Trooper
Escrita por Dave Gibbons (sim, o mesmo de Watchmen), Rogue Trooper entrega uma história de guerra futurista que até tem um roteiro competente, com bons momentos de ação e crítica embutida. No entanto, a arte deixa um pouco a desejar. É funcional, mas sem grande impacto visual, o que tira parte do peso da narrativa. Passa, mas não encanta.

Black Light
Aqui sim temos talvez o ponto alto da edição. Black Light combina um roteiro amarrado, cheio de conspiração, intriga e ação bem dosada, com uma arte muito competente e agradável. Funciona como uma ótima história de espionagem futurista e, honestamente, se a edição inteira tivesse esse nível, valeria muito mais a pena. Destaque absoluto.

Contos de Terror de Tharg
É… legalzinha. Uma historinha de terror rápida, sem grandes pretensões. Funciona porque é curta, entrega o que promete e não se estende além do necessário. Mas, sinceramente, é daquelas que você lê, fecha a página e esquece no minuto seguinte.

Zombo
Surpresa positiva. Zombo tem uma pegada meio nonsense, mistura humor ácido, crítica social e violência, tudo embalado numa arte que segura muito bem o tom maluco da proposta. É divertida, estranha e criativa — exatamente o tipo de coisa que você espera da 2000 AD quando ela acerta.

Choques Futuristas
Mais um conto curto, com uma pegada de ficção científica e um plot twist no final. Esta aqui é… ok. Não é ruim, mas também não tem nada de memorável. Um exercício de conceito que cumpre o básico e só.

Savage
Aqui temos uma arte em preto e branco, que é, sem dúvidas, o ponto mais interessante da história. Visualmente, chama atenção e traz uma estética que conversa bem com o tom mais sujo e brutal da trama. O problema é que o roteiro tenta ser mais inteligente do que realmente é. Fica dando voltas, complicando, pra no fim entregar uma história bem comum, que não traz nada de muito novo.
