Kena: Bridge of Spirits (PS5) – Bonito, mas só isso

Semana passada zerei Kena: Bridge of Spirits no PlayStation 5. Vim aqui só para dizer que, apesar de lindo, o jogo tem vários problemas.

Os prós de Kena

Visual

Tenho que admitir que o que me fez comprar o jogo foi o visual. Amo filmes da Pixar e a sensação ao jogar é a de estar viajando por um mundo de animação AAA. Personagens, cenários e até vilões são muito bem desenhados (vamos voltar aos vilões depois). Isso sem falar dos fofinhos Rot, bichinhos que o jogador vai “coletando” durante a aventura.

Kena correndo na Vila, o ponto central do jogo
Kena correndo na Vila, o ponto central do jogo

História

O pouco de história que o jogo tem é até interessante. Meio Ghost – Do outro lado da vida, o objetivo de Kena é guiar espíritos que ficaram presos ao mundo terreno e precisam fazer a passagem para o mundo espiritual, coletando suas memórias e reconstruindo suas histórias.

A história poderia ser melhor explorada, entretanto. A impressão que dá é de desperdício de um bom enredo, como a história da própria Kena, para explorar histórias quase desconexas. A cena em que eles realmente exploram a história da protagonista (coisa de 5 minutos) é linda.

Batalhas de chefões

Embora a gente vá voltar a esse assunto nos defeitos, é preciso dizer que as dinâmicas nas batalhas contra chefões são bem legais. Em cada um deles é preciso uma técnica diferente, interações diferentes com o cenário, etc. Veja na seção de defeitos onde essa qualidade quase se perde.

Presença feminina

A presença feminina no jogo é um ponto alto, na minha opinião. Além da própria Kena, o arco de uma das personagens que você precisa ajudar é explorado com muito bom gosto. Embora os jogos recentes estejam melhorando muito nesse quesito, infelizmente, a gente ainda vê muita coisa mal feita por aí.

Hana e Adira

Os defeitos de Kena: Bridge of Spirits

Inimigos muito parecidos

Infelizmente, toda a beleza do mundo de Kena não veio acompanhada com uma variedade de inimigos. Entre os pequenos, os voadores e os grandes, as semelhanças são tantas que parece que estamos enfrentando sempre os mesmos adversários.

Isso também se aplica aos chefões. Embora a dinâmica das batalhas até varie bastante, o visual é parecido em muitos deles: grandões com armas gigantes. Com o talento apresentado na criação do mundo e dos outros personagens, o pessoal da Ember Lab, os desenvolvedores do jogo, poderiam ter feito melhor.

A Marceneira Corrompida resume bem: design genérico, mas dinâmica de luta interessante

Evolução de dificuldade

Sou fã da franquia Souls. Quando comecei a jogar Kena tinha acabado de platinar Demon’s Souls (sim, viciei). O acúmulo de conhecimento dos jogos soulslike, o que prepara para os novos desafios, em Kena é mal-feito. Os puzzles parecem muitas vezes deslocados e, na melhor técnica noventista para aumentar o tempo de gameplay, os inimigos finais são desnecessariamente difíceis.

Gameplay repetitivo

Em linhas gerais o jogo se resume a ajudar três personagens. Para cada uma delas é preciso coletar memórias e então enfrentar a forma “corrompida” da pessoa. Para coletar memórias é preciso ir do ponto A ao ponto B, “limpando” o mundo. O problema é que tudo é igual ao ponto de só cansar e levar o jogador a querer fazer tudo da forma mais rápida possível.

Dois Rots
Dois Rots

Até a coleta dos Rots enche a paciência: sempre a mesma animação, que não dá pra pular. E você coleta um bocado deles.

Bugs

Não é nenhum Cyberpunk, mas comigo aconteceram as mais diversas coisas: Kena congelada no cenário, chefão me derrubando para fora da arena, etc. Nada extremo, mas ao ponto de ser digno de nota.

Conclusão

No fim do jogo o pico de dificuldade é simplesmente absurdo e o que começou fácil demais fica difícil ao ponto de ser só frustrante. Sou um “completista”, gosto de fuxicar todos os cantos, mas o cansaço do gameplay repetitivo e a chatice dos chefões finais — embora suportáveis — me levaram àquela sensação de “eu só quero fechar esse jogo e não abrir mais”.

O jogo ganha 3 / 5. Vale pegar em uma promoção, mas nunca pelo preço cheio.