Esse livro definitivamente não é para todo mundo. Se você conhece e gosta de Byung-Chul Han, vale a pena. Se nunca leu nada dele, comece pelo Sociedade do cansaço (esse é maravilhoso e beeem mais fácil).
O livro saiu pela Editora Vozes (acho que todos os livros do Chul Han saem por lá) e é bem curtinho, só 136 páginas.
Simplificando bastante, ao longo do livro o autor argumenta que perdemos a capacidade de contar histórias. Por um lado, passamos a documentar tudo e o excesso de informação não dá brecha para interpretações ou reflexões, que são a base da narrativa. Por outro, fizemos da contação de histórias uma ciência para estimular vendas, o que o autor chama de storyselling, um trocadilho com storytelling.
[…] a informação fragmenta o tempo em uma simples sequência do presente. A narração, por outro lado, produz um contínuo temporal, ou seja, uma história.
Um dos maiores indicativos do primeiro ponto, o excesso de informação, é a nossa dinâmica com as redes sociais. Nunca há afastamento o suficiente para que as experiências virem uma história e estamos sempre atrás da próxima foto, do próximo instante e do próximo like.
O Phono sapiens se rende ao momento, à “soma das realidades momentâneas de vivências que vêm e desaparecem uma após a outra”.
O livro é pedrada atrás de pedrada — uma citação boa depois da outra. O que vai tirar muita gente desse livro é o tanto de atenção que você precisa prestar. Tive que voltar alguns parágrafos mais de uma vez.




Os capítulos do livro são:
- Prefácio
- Da narração à informação
- Pobreza de experiência
- A vida narrada
- A vida desnuda
- Desencantamento do mundo
- Do choque ao like
- Teoria como narração
- Narração como cura
- Comunidade narrativa
- Storyselling
Nota 8 / 10. O livro é muito bom, mas definitivamente não é para todo mundo. Algumas longas citações de outros livros e o tanto de atenção que é preciso prestar vão obrigar o leitor a estar bem acordado para aproveitar o livro.