Mais um livro de autoajuda empresarial com um ótimo ponto sendo repetido um milhão de vezes. Nota 3.5 de 5.
A mensagem principal é o seguinte: existe um Círculo Dourado para os negócios, onde você começa com um PORQUÊ, operacionaliza com um COMO e vende um O QUE (o produto final). O autor tem uma TED Talk famosa sobre o assunto.
Para os grandes líderes, o Círculo Dourado está em equilíbrio. Eles perseguem o PORQUÊ, estão cientes de COMO fazer isso, e O QUE fazem serve como prova tangível daquilo em que acreditam.
Seus clientes vão comprar O QUE você vende se existir um PORQUÊ real atrás disso, num nível até biológico de comunicação:
Dizendo sem rodeios, a dificuldade que tantas companhias enfrentam para diferenciar ou comunicar seu valor verdadeiro ao mundo não é um problema de negócios, é um problema de biologia. E assim como uma pessoa que se esforça para expressar em palavras suas emoções, nós também nos valemos de metáforas, imagens e analogias na tentativa de comunicar como nos sentimos.
Os produtos da Apple, por exemplo, não são comprados só porque são bons, mas porque as pessoas acreditam na inovação da marca, no ideal “sou diferentão” que ela transmite.
As pessoas não compram O QUE você faz, elas compram POR QUE você o faz, e a Apple diz e faz apenas coisas nas quais acredita. Se O QUE você faz não demonstra aquilo em que você acredita, então ninguém saberá qual é o seu PORQUÊ, e você será obrigado a competir por meio de preço, serviço, qualidade, recursos e benefícios; o material de que são feitas as commodities. A Apple tem um megafone poderoso, e é excepcionalmente boa em comunicar sua história.
Na tentativa de provar que nem tudo é sobre dinheiro, o autor exemplifica várias estratégias que geram retorno a curto prazo (descontos, novas linhas de produtos, etc.) mas que, no longo prazo, penalizam a marca. É um ponto bem interessante — ele se aprofunda bastante em várias dessas estratégias, com vários exemplos, mas que cansa um pouquinho.
No geral, o livro comete os mesmos pecados de outros do mesmo tipo. Repete o mesmo ponto mil vezes, usa e reusa exemplos e por aí vai (mesmo problema que falei de Os quatro compromissos).
Aqui, porém, com um agravante: a visão otimista do Com um porquê você consegue tudo às vezes soa meio ingênua. O autor não diz que dinheiro não é importante, mas a gente sabe que ele é bem mais importante do que fica subentendido no texto. Além disso, mesmo as empresas com um bom porquê ganham bastante grana ferrando o quanto podem a vida dos funcionários ou com as letras miúdas de seus contratos. Não existe almoço grátis.
O livro é legal e eu ainda recomendo, mas parece que você precisa ler certos livros na idade ou com a experiência certa. “Comece pelo porquê” seria muito legal para um Felipe mais jovem, mas para o de hoje em dia foi só OK.