Resenha: Mad Max – Estrada da Fúria

Depois de 30 anos o diretor e roteirista George Miller retoma a franquia Mad Max. Com vários fãs saudosistas no Brasil e no mundo, o filme teve ótima recepção e, apesar de não ter uma bilheteria impressionante nos Estados Unidos , já desbancou “Vingadores 2” por aqui.

Vocês lembram dos antigos Mad Max? Filmaços né? Não, não são. O primeiro é sofrível, lento e mal feito. O terceiro beira o ridículo, com história pingada e elementos alternando entre o infantil e o adulto bizarro. Do segundo se salva alguma coisa? Acho que sim.

A estética dos filmes, o mundo apocalíptico e etc. são influência na cultura pop até hoje, não se pode negar. O fato dos filmes passarem ad nauseum na Sessão da Tarde contribuiu para a geração de uma memória falsa na mente das pessoas, só pode ser isso.

Ação desenfreada

Virei um velho chato pelo que parece. Não entendo tanto de cinema quanto o Papricast, o Jurassicast ou a Ana Maria Bahiana, pessoas que recomendo, mas tenho uma opinião muito diferente da deles sobre o filme. O filme é só uma perseguição gigante, com ação massante e desenfreada, com uma história ridiculamente simples.

Nota-se aqui e ali elementos interessantes como o aspecto religioso daquele povo, o vilão tirano usando isso a seu favor, as soluções inusitadas de alimentação para a subsistência do povo mas não passa disso.

Immortan Joe, o vilão do filme
Immortan Joe, o vilão do filme

O personagem que dá título ao filme é só nosso acompanhante na história, que pertence mesmo à Furiosa, personagem da Charlize Theron. Ele tem poucas falas (lembra bastante o primeiro filme) e não, eles não fazem um par romântico. Aliás, o par romântico que surge no filme é gratuito ao extremo, sem fundamento nenhum e inútil pra trama, diga-se de passagem.

Tom Hardy como Mad Max
Tom Hardy como Mad Max

Videoclip gigante

Preciso dizer que o filme tem coisas ótimas. A edição de som é estupenda, a trilha sonora maravilhosa (fiquei feliz de manterem o Dies Irae de Verdi, que tocava em um dos trailers, em uma das cenas) e o visual é impecável. Bons efeitos especiais também.

Guitarrista de Mad Max 4
Guitarra pegando fogo e tambores no deserto roubaram a cena

As cenas de perseguição, que é quase tudo no filme, colam o espectador na cadeira. O problema é que o efeito passa rápido e você fica se perguntando “Ok, entendi que está tenso, mas vai ficar só nisso?”.

Li em algum lugar que o filme tem poucos diálogos e isso seria ótimo, porque não tem coisas desnecessárias e não fica didático sem necessidade. Tudo bem, é um ponto de vista. Até o fim com o Robert Redford também tem pouquíssimos diálogos por esse motivo (no filme ele nem tem com quem conversar na verdade), mas no Mad Max é pouco natural e oitentista. Em um determinado momento a Furiosa termina uma cena dizendo que quer redenção, sobe a trilha de um jeito bem canastrão e quase que eu levantei junto, pra ir embora.

Vale o ingresso?

Meu gosto para cinema é diferente da maioria, o que não me faz pior nem melhor que ninguém. Recentemente falei que amei O Abutre e me responderam que o filme é um saco. Pra mim Mad Max só valeu o ingresso pela companhia (fui com a minha esposa) e pelas risadas que demos depois lembrando do filme. Como eu disse, a parte audiovisual do filme é excelente e, talvez por isso, a experiência no cinema valha mais a pena do que em casa. Se você não quer um filme pra pensar, pode ir sem medo que você vai se divertir.

Nota: 7.