Resenha: Prince of Thorns (Trilogia dos Espinhos 1) – Mark Lawrence

Fantasia medieval é um dos meus gêneros favoritos, então estou sempre procurando meu próximo mundo com reis, ladrões, intrigas e guerras. Achei boa parte disso em Prince of Thorns! Apesar da história boa, o protagonista meio inverossímil e o repeteco meio Shakesperiano me tiraram um pouquinho da história.

O livro é todo narrado em primeira pessoa pelo perturbado príncipe Jorg Ancrath, que busca vingança depois de assistir o assassinato de sua mãe e irmão, enquanto estava preso a uma espinheira venenosa (daí os thorns no título).

O livro tem três ou quatro grandes arcos e, apesar de um começo extremamente meia boca, nos 25-30% ele engata e vai bem até o final, incluindo plot twists bem interessantes. O começo aliás é tão ruim, que eu abandonei o livro e só tentei de novo depois de alguns meses porque minha esposa continuou a leitura e me disse que melhorava depois (e, é claro, ela tinha razão).

O mundo também é bem curioso. Os diferentes reinos são pedaços de um antigo império fragmentado e a magia está muito presente, especialmente nos altos círculos da sociedade.

Nota 6,5/10. O começo ruim e uma barriguinha na história ali pelos 70% jogam a nota para baixo, mas valeu a leitura. Não foi bom o suficiente para ler o segundo livro logo na sequência.

Primeira página de uma adaptação para quadrinhos que achei na DeviantArt. Até onde eu vi, o livro não chegou a ser adaptado para nenhuma outra mídia.

Spoilers (de leve)

Logo no começo o rapaz Jorg assalta uma vila e estupra uma moradora. Não tem maiores descrições nem nada, uma frasezinha só, mas foi o que me tirou do livro da primeira vez.

Mas o que mais me tirou do livro é o personagem adolescente que vira o líder da porra toda. Não consegui comprar o aborrescente sempre puto, com ódio de tudo e todos, matando quem passasse na frente, que é adotado como líder de um bando de marmanjos.

— Você acha que preciso ser velho para pensar como homem-feito?
— Acho que você precisa viver mais para realmente conhecer o coração de um homem. Você precisa realizar mais transações na vida para saber o valor da moeda que despende tão facilmente.

A manipulação dos magos que, inclusive, altera a personalidade de Jorg, foi algo que eu vi de longe, mas que não desabonam. Na verdade, é até um ponto forte do livro. Esse jogo político e feito por trás dos panos é algo que eu sempre curto.

Adaptação em mangá que achei no Pinterest

Outra coisa legal é a linha do tempo. Esse tipo de livro (medieval mais fantástico) tende a emular a nossa era medieval, raramente com a religião. Prince of Thorns não é assim. A religião católica está aqui ou ali (padres, Aves Marias, etc.), mas tem também citações a Nietzsche e termos escritos como “Neurotoxicologia”, “Carcinógeno”, “Mutagênico”, dando a entender que, na verdade, aquela história na verdade aconteceu DEPOIS da nossa.

Vai ver explicam isso melhor nas sequências, King of Thorns e Emperor of Thorns. Um dia eu leio.